A menina não sabia nadar mas aventurou-se, era corajosa mas ignorante, pensava que só acontecia aos outros aquilo que nunca tinha acontecido a ela. Armou-se em espertinha e afogou-se. Estava quase a ficar sem ar quando um príncipe vindo do nada apareceu. Salvou-a. Ela safou-se. Ele era lindo, perfeito, prometia-lhe coisas e ela apaixonou-se. Coitada, a pobre da menina não aprendeu à primeira. Quis voltar a tentar de novo. "Desta vez é diferente" dizia ela, ingénua. Realmente ela tinha razão, foi diferente, foi ainda pior. Não deu ouvidos aos amigos, acreditava nas palavras de incentivo que o seu amado lhe pronunciava. "Eu nunca te vou abandonar, se caíres estarei lá para te levantar!". E ela avançava, passo a passo, iludia-se cada vez mais, a corrente estava forte e puxava-a. "Onde está o meu príncipe? Preciso que ele me salve". Pergunta retórica? Talvez não, mas irónica? Sem qualquer dúvida. Ele apareceu, foi ao encontro dela. Mil e um sorrisos apareceram no seu rosto doce e inocente. Os seus olhos brilhavam repletos de esperança, ela ia safar-se de novo.. Mas o príncipe já não precisava mais dela. Afogou-a. Os olhos dela continuavam a brilhar, não de esperança, mas sim das imensas lágrimas que lhe escorriam pela cara e se misturavam com a água salgada do mar. A menina foi ao fundo, deixou de respirar, mas nunca deixou de o amar porque afinal de contas, ele era o seu príncipe, e ela amava-o mais a ele do que a ela. Depois da morte, aprendeu que nem todas as historias de encantar têm finais felizes.
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